Com a busca de um aumento na produção leiteira, tem-se motivado a procura de animais provados e com um alto potencial de produção. No entanto outros fatores altamente decisivos acompanham o mérito genético do rebanho, tais como nutrição e manejo.
Uma das melhores maneiras é a adoção correta das técnicas alimentares especificas para cada fase do processo produtivo, dentre estas, as vacas secas, que por não estarem em lactação não aumentam diretamente o lucro líquido da propriedade e são às vezes, esquecidas pelos produtores.
O programa das vacas secas inicia o próximo ciclo da lactação, exercendo uma grande influência na ocorrência de desordens metabólicas (cetose, deslocamento de abomaso, síndrome da vaca gorda e febre do leite), na mudança da condição corporal, no fornecimento de nutrientes necessários ao rápido crescimento do feto e na otimização da reprodução na próxima lactação.
O período seco deve durar 60 dias a fim de permitir uma boa regeneração das células epiteliais desgastadas, um bom acúmulo de colostro e assegurar um bom desenvolvimento do feto, bem como completar as reservas corporais, caso estas ainda não tenham ocorrido.
Desta forma, as vacas, no período seco, devem ser agrupadas em dois grupos distintos:
O primeiro grupo abrange todos os animais que iniciam o período de repouso, que vai da primeira a quinta ou sexta semana, enquanto que o segundo grupo abrange os animais nas duas ou três últimas semanas que antecedem o parto. Uma das maiores razões que explica a necessidade à vantagem de se ter dois grupos diferentes para as vacas sêcas, é a de que se deve levar em conta a diminuição do consumo entre os dois grupos.
Deste modo, no início do período seco os animais podem ser alimentados com uma pastagem de boa qualidade, feno, silagem e ou a combinação destes, no entanto, no final do período seco onde ocorre um grande aumento no crescimento fetal, existe uma elevação da pressão interna nos órgãos digestivos, diminuindo desta forma o espaço ocupado pelos alimentos este fato, associado com a grande variação hormonal no período pré-parto, ou seja, um aumento nas concentrações sanguíneas de estrógeno e corticóides e uma queda nas concentrações de progesterona, reduzem o consumo de matéria seca em até 30%, predispondo o animal a um balanço energético negativo, com isso aumentam o catabolismo de gordura elevando as concentrações de ácidos graxos não esterificados na circulação, onde serão posteriormente acumulados no fígado podendo causar problemas metabólicos e diminuindo a posterior produção leiteira.
Uma das medidas básicas a ser tomadas é a elevação da densidade energética da dieta final do período seco (aproximadamente 21 dias antes do parto), aumentando conseqüentemente a relação concentrado/volumoso, compensando desta forma a redução do consumo de alimentos.
O aumento do consumo de concentrado, além de adaptar os microorganismos do rúmen a uma dieta rica em aminoácidos, favorece o desenvolvimento das papilas ruminais (pequenas projeções em forma de dedo na parede ruminal). O crescimento das papilas aumenta a superfície de contato do rúmen possibilitando uma maior absorção dos ácidos graxos voláteis, promove pequena variação no PH do rúmen e diminui o risco de acidose no início da lactação, onde grandes quantidades de grãos são introduzidas na dieta.
Todavia, são necessárias de quatro a cinco semanas para que o alongamento das papilas se complete.
Recentes pesquisas têm mostrado que o aumento no fornecimento de proteína na dieta pode ter um efeito benéfico, principalmente porque mantem as reservas protéicas do animal, diminuindo suscetibilidades às desordens metabólicas, mas não devemos esquecer de atender as exigências em proteínas não degradáveis no rúmen (3% de farinha de sangue), vitaminas, minerais e outros aditivos são bastante úteis na alimentação das vacas secas.
A Niacina pode prevenir cetose e manter o consumo de matéria seca, a recomendação atual é de 6 a 12g de Niacina/dia, iniciando vinte e um dias da data provável do parto até o trigésimo dia de lactação, principalmente para vacas de alta produção (> 32 Kg leite/dia) e vacas de primeira cria produzindo acima de 25 Kg/dia, bem como as vacas obesas. Assim como a niacina, o propilenoglicol pode ser fornecido em até 500 g/d, pois o mesmo é convertido em glicose no fígado, diminuindo a cetose e a formação do fígado gordo.
Devemos ainda considerar que a imunidade das vacas é menor no período pré-parto e no início da lactação, onde o aparelho reprodutivo se encontra aberto e as taxas de infecção e mastite são altas, com isso o fornecimento de vitamina E, Zinco, Cobre e Selênio pode ser benéfico evitando problemas como mastite e retenção de placenta.
No inicio da lactação, principalmente em vacas de alta produção, existe um elevado fluxo de cálcio para a glândula mamária, reduzindo o teor de cálcio sangüíneo e como conseqüência predispõe a vaca a hipocalcemia que afeta até 75% das vacas de alta produção. Níveis reduzidos de cálcio no sangue pode levar à retenção de placenta, involução uterina evolução intensiva ineficiente, diminuição na contração do músculo liso e um aumento na incidência de deslocamento do abomaso.
Desta forma, a utilização de sais aniônicos (sulfato de cálcio) pode evitar a hipocalcemia, aumentando a mobilização de cálcio nos ossos. No entanto, devemos ter cuidado, pois os sais aniônicos são impalatáveis podendo reduzir o consumo de alimento, desta forma a utilização de palatabilizantes podem ser necessárias.
Um outro ponto importante que deve ser levado em consideração é a condição corporal das vacas próximas ao parto. Para avaliação é adotados o método da condição corporal de 1 (muito magra) e 5 (muito gorda) sendo que para o parto o ideal é que a vaca apresente de 3,4 a 3,75. Inúmeras pesquisas, têm mostrado que as vacas supercondicionadas consomem menos alimento no pré-parto e no pósparto, apresentando uma alta incidência de problemas metabólicos, existindo alta correlação entre condição corporal no pré-parto e consumo de matéria seca no primeiro e vigésimo primeiro dia pós-pano. Desse modo, a obesidade pode ser tão prejudicial quanto à falta de condição corporal no momento do parto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário