sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Como se produz o leite


Fases de secreção (produção) da glândula mamária a produção do leite se inicia pela ação da prolactina da hipófise anterior, que estimula diretamente as células produtoras do leite dos alvéolos da mama. Leite é sangue transformado; nasce no úbere (composto por quatro glândulas mamárias que transformam componentes sanguíneos em alimento). O úbere é dividido em quatro partes, correspondendo cada uma a um teto. Vazio, o úbere pesa cerca de 15kg, podendo comportar até + ou- 40 kg de leite. Para cada litro de leite produzido, passa pela glândula mamária cerca de 300 a 500litros de sangue, portanto, uma boa vaca leiteira deve ter o úbere muito bem irrigado pela rede sanguínea.
Logo após o parto, a desinibição da hipófise anterior pela queda dos estrogênios e progesterona circulantes, leva a um aumento abrupto da secreção de prolactina que, agindo sobre a glândula mamária plenamente desenvolvida pelos hormônios da gestação, irá promover a produção do leite. A manutenção da produção normal do leite, depende da produção de prolactina, do hormônio de crescimento, pequena quantidade de estrogênio presente, do funcionamento da tireóide, da supra-renal e do sistema nervoso. E necessária ainda uma alimentação adequada e ausência de doenças em geral.
A amamentação e o esvaziamento da glândula mamária são os fatores estimulantes da produção de prolactina. O não esvaziamento adequado da glândula implica na cessação da produção do leite. A produção do leite também poderá ser suspensa mediante a administração de doses elevadas de estrogênios, que impedirão a secreção de prolactina pela hipófise. 

A expulsão do leite
Ao se iniciar e durante o ato de mamar, a sensação táctil gera estímulos, que por via nervosa, vão até o SNC (sistema nervoso central) estimulando o hipotálamo a produzir e a hipófise posterior a liberar ocitocina para a circulação. Esta, na glândula mamária, provoca a contração das células mioepiteliais dos alvéolos e a musculatura lisa dos dutos, propulsionando o leite ali formado na cisterna da mama. A compressão dessas cisternas provoca a saída do leite.
Sob a ação o ocitocina, a canulação das cisternas faz o leite jorrar espontaneamente. Em alguns casos, isto ocorre mesmo sem a canulação. A prolactina também é secretada sob controle do arco reflexo descrito.
Fenômenos relacionados com o ato de mamar, o mugido do bezerro, os ruídos do balde de ordenha, etc, podem desencadear o reflexo, que por sua vez também pode ser abolido por diversos fatores, como susto, a substituição de um ordenhador por outro, etc., através da liberação do hormônio adrenalina.


Fonte: 
Embrapa Gado de Leite - www.cnpgl.embrapa.br


Vacas em Lactação


Um sistema de alimentação para vacas em lactação, para ser implementado, é necessário considerar o nível de produção, o estágio da lactação, a idade da vaca, o consumo esperado de matéria seca, a condição corporal, tipos e valor nutritivo dos alimentos a serem utilizados.
O estágio da lactação afeta a produção e a composição do leite, o consumo de alimentos e mudanças no peso vivo do animal.
Nas duas primeiras lactações da vida de uma vaca leiteira, devem-se fornecer alimentos em quantidades superiores àquelas que deveriam estar recebendo em função da produção de leite, pois estes animais ainda continuam em crescimento, com necessidades nutricionais muito elevadas. Assim, recomenda-se que aos requerimentos de mantença sejam adicionados 20% a mais para novilhas de primeira cria e 10% para vacas de segunda cria.
Recomenda-se alimentar as vacas primíparas separadas das vacas mais velhas. Este procedimento evita a dominância, aumentando o consumo de matéria seca.
As vacas não devem parir nem excessivamente magras nem gordas. Vacas que ganham muito peso antes do parto apresentam apetite reduzido, menores produções de leite e distúrbios metabólicos como Cetose, fígado gorduroso e deslocamento do abomaso, além de baixa resistência aos agentes de doenças.
Um plano de alimentação para vacas em lactação deve considerar os três estádios da curva de lactação, pois as exigências nutricionais dos animais são distintas para cada um deles.
As vacas, nas primeiras semanas após o parto, não conseguem consumir alimentos em quantidades suficientes para sustentar a produção crescente de leite neste período, até atingir o pico, o que ocorre em torno de cinco a sete semanas após o parto. O pico de consumo de alimentos só será atingido posteriormente, em torno de nove a dez semanas pós-parto. Por isso, é importante que recebam uma dieta que possa permitir a maior ingestão de nutrientes possível, evitando que percam muito peso e tenham sua vida reprodutiva comprometida.
Devem ser manejadas em pastagens de excelente qualidade e em quantidade suficiente para permitir alta ingestão de matéria seca. Para isto, o manejo dos pastos em rotação é prática recomendada.
Deve-se fornecer volumoso de boa qualidade com suplementação com concentrados e mistura mineral adequada. Vacas de alto potencial de produção devem apresentar um consumo de matéria seca equivalente a pelo menos 4% do seu peso vivo, no pico de consumo.
Vacas que são ordenhadas três vezes ao dia consomem 5 a 6% mais matéria seca do que se ordenhadas duas vezes ao dia.
Para vacas mantidas em pastagens, durante o período de menor crescimento das forrageiras, há necessidade de suplementação com volumosos: capim-elefante verde picado, cana-de-açúcar adicionada de 1% de uréia, silagem, feno ou forrageiras de inverno.  Para vacas de alta produção leiteira ou animais confinados, forneça silagem de milho ou sorgo, à vontade.
Uma regra prática para determinar a quantidade de volumoso a ser fornecida é monitorar a sobra ou o excesso que fica no cocho. Caso não haja sobras ou se sobrar menos do que 10% da quantidade total fornecida no dia anterior, aumente a quantidade de volumoso a ser fornecida. Caso haja muita sobra, reduza a quantidade.
Para cada dois quilogramas de leite produzidos, a vaca deve consumir pelo menos um quilograma de matéria seca. De outra forma, ela pode perder peso em excesso e ficar mais sujeita a problemas metabólicos.
O concentrado para vacas em lactação deve apresentar 18 a 22% de proteína bruta (PB) e acima de 70% de nutrientes digestíveis totais (NDT), na base de 1 kg para cada 2,5 kg de leite produzidos. Pode-se utilizar uma mistura simples à base de milho moído e farelo de soja ou de algodão, calcário e sal mineral ou dependendo da disponibilidade, soja em grão moída ou caroço de algodão. Algumas opções para formulação de concentrado são apresentadas na Instrução Técnica para o Produtor de Leite - Sistemas de Alimentação nº 40. Opções de concentrados para vacas em lactação.
Vacas de alta produção de leite, manejadas em pastagens ou em confinamento,  precisam ter ajustes em seu manejo e plano alimentar. Para vacas com produções diárias acima de 28-30 kg de leite, deve-se fornecer concentrados com fontes de proteína de baixa degradabilidade no rúmen, como farinha de peixe, farelo de algodão, soja em grão moída, tostada etc.
Vacas com produções acima de 40 kg de leite por dia, além de uma fonte de gordura, como caroço de algodão, soja em grão moída ou sebo, devem receber gordura protegida (fonte comercial) para elevar o teor de gordura da dieta total para 7-8%. Essas vacas devem receber uma quantidade diária de gordura na dieta equivalente à quantidade de gordura produzida no leite. Instrução Técnica para o Produtor de Leite - Sistemas de Alimentação nº 47. Alimentação e manejo de vacas de alto potencial genético.
Dieta completa é uma mistura de volumosos (silagem, feno, capim verde picado) com concentrados (energéticos e protéicos), minerais e vitaminas. A mistura dos ingredientes é feita em vagão misturador próprio, o qual contém balança eletrônica para pesar os ingredientes. Muito usada em confinamento total, tem a vantagem de evitar que as vacas possam consumir uma quantidade muito grande de concentrado de uma única vez, o que pode causar problemas de acidose nos animais. Além disso, recomenda-se a inclusão de 0,8 a 1% de bicarbonato de sódio e 0,5% de óxido de magnésio na dieta total, para evitar problemas com acidose.
O melhor teor de matéria seca da ração total está entre 50 e 75%. Rações mais secas ou mais úmidas podem limitar o consumo. Por isso, o teor de umidade da silagem deve ser monitorado semanalmente, se possível.
Normalmente, as vacas se alimentam após as ordenhas. Mantendo a dieta completa à disposição dos animais nesses períodos, pode-se conseguir aumento do consumo voluntário.
Para reduzir mão-de-obra na mistura de diferentes formulações para os grupos de vacas com diferentes produções médias, a tendência é de se formular uma dieta completa com alto teor energético e com nível de proteína não-degradável que atenda ao grupo de maior produção de leite. Os demais grupos, vacas no terço médio e vacas em final de lactação, naturalmente já controlariam o consumo, ingerindo menos matéria seca.
Para assegurar consumo máximo de forragem, principalmente na época mais quente do ano, deve-se garantir disponibilidade de alimentos ao longo do dia. Deve-se encher o cocho no final da tarde, para que os animais possam ter alimento fresco disponível durante a noite. Dessa forma, as vacas podem consumir o alimento num horário de temperatura mais amena.
A relação concentrado/volumoso é maior para vacas de maior produção de leite.         
Deve-se tomar o cuidado de retirar restos de alimentos mofados do cocho antes de fornecer nova alimentação.
Para animais mantidos em pastagens, o método mais prático de suplementar mineral é deixando a mistura (comprada ou preparada na própria fazenda) disponível em cocho coberto, à vontade (Senar - Embrapa: Manual Técnico: Trabalhador na Bovinocultura de Leite - página 161).
Para vacas em lactação e animais que são mantidos em confinamento, é mais seguro e garantido incluir a mistura mineral no concentrado ou na dieta completa.
Vacas em lactação requerem uma quantidade muito grande de água, uma vez que o leite é composto de 87 a 88% de água. Ela deve estar à disposição dos animais, à vontade e próxima dos cochos. Normalmente as vacas consomem 8,5 litros de água para cada litro de leite produzido. Quando a temperatura ambiente se eleva, nos meses de verão, o consumo de água aumenta substancialmente.
No terço médio da lactação, as vacas já recuperaram parte das reservas corporais gastas no início da lactação e já deveriam estar enxertadas. A produção de leite começa a cair e as vacas devem continuar a ganhar peso, preparando sua condição corporal para o próximo parto.
O fornecimento de concentrado deve ser feito com 18 a 20% de proteína bruta, na proporção de 1 kg para cada 3 kg de leite produzidos acima de 5 kg, na época das chuvas, e a mesma relação acima de 3 kg iniciais de leite produzido, durante o período seco do ano.
No terço final da lactação, as vacas devem recuperar suas reservas corporais e a produção de leite já é bem menor que nos períodos anteriores. Deve-se alimentar as vacas para evitar que ganhem peso em excesso, mas que tenham alimento suficiente, principalmente na época seca do ano, para repor as reservas corporais perdidas no início da lactação. É o período em que ocorre a secagem do leite, encerrando-se a lactação atual e o início da preparação para o próximo parto e lactação subseqüente. 
O período seco, compreendido entre a secagem e o próximo parto, em rebanhos bem manejados sua duração é de 60 dias. É fundamental para que haja transferência de nutrientes para desenvolvimento do feto, que é acentuado nos últimos 60-90 dias que precedem o parto, a glândula mamária regenere os tecidos secretores de leite e acumule grandes quantidades de anticorpos,  proporcionando maior qualidade e produção de colostro, essencial para a sobrevivência da cria recém-nascida.
O suprimento de proteína, energia, mineral e vitaminas é muito importante, mas deve-se evitar que a vaca ganhe muito peso nesta fase, para reduzir a incidência de problemas no parto e durante a fase inicial da lactação. Isso se deve, principalmente, à redução na ingestão de alimentos pós-parto, o que normalmente se observa com vacas que parem gordas.
Nas duas semanas que antecedem ao parto deve-se iniciar o fornecimento de pequenas quantidades do concentrado formulado para as vacas em lactação, para que se adaptem à dieta que receberão após o parto. As quantidades a serem fornecidas variam de 0,5 a 1% do peso vivo do animal, dependendo da sua condição corporal.
O teor de cálcio da dieta de vacas no final da gestação deve ser reduzido para evitar problemas com febre do leite (Febre do leite - Embrapa - CNPGL. Documentos, 67) após o parto. A mistura mineral (com nível baixo de cálcio) deve estar disponível, à vontade, em cocho coberto (Manual Técnico: Trabalhador na Bovinocultura de Leite – Senar-AR/MG/Embrapa, 1997 e Embrapa Gado de Leite: 20 anos de pesquisa).

Fonte: Embrapa Gado de Leite - www.cnpgl.embrapa.br

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Apresentação


Este blog foi criado para divulgação de material a cerca da bovinocultura leiteira, atividade de imensurável importância dentro do agronegócio brasileiro. Espero que todos, tanto estudantes quanto produtores e profissionais da área, desfrutem ao máximo do material aqui disponibilizado, e fiquem a vontade para fazer qualquer questionamento ou sugestão.

Att.