terça-feira, 11 de setembro de 2012

Características exteriores de vacas leiteiras


Manejo de vacas secas

Com a busca de um aumento na produção leiteira, tem-se motivado a procura de animais provados e com um alto potencial de produção. No entanto outros fatores altamente decisivos acompanham o mérito genético do rebanho, tais como nutrição e manejo. 
Uma das melhores maneiras é a adoção correta das técnicas alimentares especificas para cada fase do processo produtivo, dentre estas, as vacas secas, que por não estarem em lactação não aumentam diretamente o lucro líquido da propriedade e são às vezes, esquecidas pelos produtores. 
O programa das vacas secas inicia o próximo ciclo da lactação, exercendo uma grande influência na ocorrência de desordens metabólicas (cetose, deslocamento de abomaso, síndrome da vaca gorda e febre do leite), na mudança da condição corporal, no fornecimento de nutrientes necessários ao rápido crescimento do feto e na otimização da reprodução na próxima lactação. 
O período seco deve durar 60 dias a fim de permitir uma boa regeneração das células epiteliais desgastadas, um bom acúmulo de colostro e assegurar um bom desenvolvimento do feto, bem como completar as reservas corporais, caso estas ainda não tenham ocorrido. 
Desta forma, as vacas, no período seco, devem ser agrupadas em dois grupos distintos: 
O primeiro grupo abrange todos os animais que iniciam o período de repouso, que vai da primeira a quinta ou sexta semana, enquanto que o segundo grupo abrange os animais nas duas ou três últimas semanas que antecedem o parto. Uma das maiores razões que explica a necessidade à vantagem de se ter dois grupos diferentes para as vacas sêcas, é a de que se deve levar em conta a diminuição do consumo entre os dois grupos. 
Deste modo, no início do período seco os animais podem ser alimentados com uma pastagem de boa qualidade, feno, silagem e ou a combinação destes, no entanto, no final do período seco onde ocorre um grande aumento no crescimento fetal, existe uma elevação da pressão interna nos órgãos digestivos, diminuindo desta forma o espaço ocupado pelos alimentos este fato, associado com a grande variação hormonal no período pré-parto, ou seja, um aumento nas concentrações sanguíneas de estrógeno e corticóides e uma queda nas concentrações de progesterona, reduzem o consumo de matéria seca em até 30%, predispondo o animal a um balanço energético negativo, com isso aumentam o catabolismo de gordura elevando as concentrações de ácidos graxos não esterificados na circulação, onde serão posteriormente acumulados no fígado podendo causar problemas metabólicos e diminuindo a posterior produção leiteira.
Uma das medidas básicas a ser tomadas é a elevação da densidade energética da dieta final do período seco (aproximadamente 21 dias antes do parto), aumentando conseqüentemente a relação concentrado/volumoso, compensando desta forma a redução do consumo de alimentos. 
O aumento do consumo de concentrado, além de adaptar os microorganismos do rúmen a uma dieta rica em aminoácidos, favorece o desenvolvimento das papilas ruminais (pequenas projeções em forma de dedo na parede ruminal). O crescimento das papilas aumenta a superfície de contato do rúmen possibilitando uma maior absorção dos ácidos graxos voláteis, promove pequena variação no PH do rúmen e diminui o risco de acidose no início da lactação, onde grandes quantidades de grãos são introduzidas na dieta. 
Todavia, são necessárias de quatro a cinco semanas para que o alongamento das papilas se complete.
Recentes pesquisas têm mostrado que o aumento no fornecimento de proteína na dieta pode ter um efeito benéfico, principalmente porque mantem as reservas protéicas do animal, diminuindo suscetibilidades às desordens metabólicas, mas não devemos esquecer de atender as exigências em proteínas não degradáveis no rúmen (3% de farinha de sangue), vitaminas, minerais e outros aditivos são bastante úteis na alimentação das vacas secas. 
A Niacina pode prevenir cetose e manter o consumo de matéria seca, a recomendação atual é de 6 a 12g de Niacina/dia, iniciando vinte e um dias da data provável do parto até o trigésimo dia de lactação, principalmente para vacas de alta produção (> 32 Kg leite/dia) e vacas de primeira cria produzindo acima de 25 Kg/dia, bem como as vacas obesas. Assim como a niacina, o propilenoglicol pode ser fornecido em até 500 g/d, pois o mesmo é convertido em glicose no fígado, diminuindo a cetose e a formação do fígado gordo. 
Devemos ainda considerar que a imunidade das vacas é menor no período pré-parto e no início da lactação, onde o aparelho reprodutivo se encontra aberto e as taxas de infecção e mastite são altas, com isso o fornecimento de vitamina E, Zinco, Cobre e Selênio pode ser benéfico evitando problemas como mastite e retenção de placenta.
No inicio da lactação, principalmente em vacas de alta produção, existe um elevado fluxo de cálcio para a glândula mamária, reduzindo o teor de cálcio sangüíneo e como conseqüência predispõe a vaca a hipocalcemia que afeta até 75% das vacas de alta produção. Níveis reduzidos de cálcio no sangue pode levar à retenção de placenta, involução uterina evolução intensiva ineficiente, diminuição na contração do músculo liso e um aumento na incidência de deslocamento do abomaso.
Desta forma, a utilização de sais aniônicos (sulfato de cálcio) pode evitar a hipocalcemia, aumentando a mobilização de cálcio nos ossos. No entanto, devemos ter cuidado, pois os sais aniônicos são impalatáveis podendo reduzir o consumo de alimento, desta forma a utilização de palatabilizantes podem ser necessárias.
Um outro ponto importante que deve ser levado em consideração é a condição corporal das vacas próximas ao parto. Para avaliação é adotados o método da condição corporal de 1 (muito magra) e 5 (muito gorda) sendo que para o parto o ideal é que a vaca apresente de 3,4 a 3,75. Inúmeras pesquisas, têm mostrado que as vacas supercondicionadas consomem menos alimento no pré-parto e no pósparto, apresentando uma alta incidência de problemas metabólicos, existindo alta correlação entre condição corporal no pré-parto e consumo de matéria seca no primeiro e vigésimo primeiro dia pós-pano. Desse modo, a obesidade pode ser tão prejudicial quanto à falta de condição corporal no momento do parto.

domingo, 2 de setembro de 2012

Método de secagem de vacas

O que é secar uma vaca?
Secar uma vaca é fazer com que ela pare de dar leite, ou seja, que interrompa sua lactação.
 Por que secar uma vaca?
Pelos seguintes motivos:
  • Proporciona tempo suficiente para regeneração dos tecidos secretores do leite.
  • São necessários 60 dias, entre o fim da lactação e o parto, para que a vaca tenha regenerados os sus tecidos secretores de leite para a próxima lactação.
  • A secagem proporciona maior produção de colostro, essencial para a sobrevivência da cria recém-nascida.


Nos ultimos 60-90 dias que precedem o parto, o desenvolvimento do feto é acentuado. Para se ter uma cria vigorosa, grande parte dos nutrientes que a vaca, nessa fase, retira dos alimentos deve ir para o processo de gestação. Se, além de gestante, a vaca se encontrar em lactação, o desgaste orgânico nesse período será maior, com prejuizo para a cria que está gerando.
Há outra situação em que se aconselha fazer a sacanagem. É quando a vaca apresenta uma produção tão baixa que se torna antieconomico mantê-la em lactação. Nessa situação, além da mão-de-obra que se gasta em seu manejo, há uma sobrecarga desnecessaria na área de pasto das vacas em lactação, justamente daquelas que consomem mais alimentos.

Quando se deve secar uma vaca?
Se o motivo for a proximidade do parto, a secagem deve ser feita no setimo mês de gestação, ouseja, 60 dias antes do parto.
Se o motivo for baixa produção de leite, o criterio a ser adotado deve ser específico de cada produtor, pois apenas este é capaz de avaliar se uma vaca está ou não compensando economicamente. Ele poderá até mesmo optar pelo descarte se ela não estiver prenhe.

Como fazer a secagem?
O processo de secagem é simples e consiste em alterar de uma só vez os principais fatores que influem na produção de leite, isto é, a alimentação e os estimulos psíquico-hormonais (presença do bezerro, das companheiras do rebanho, presença à sala de ordenha, cheiro de ração e/ou silagem etc.). Deve-se proceder da seguinte maneira:
Caneca telada utilizada no diagnóstico de mamite. 
  • O primeiro cuidado é verificar no início da secagem se a vaca não esta com mamite. O diagnóstico será feito com uso da caneca telada, ou de fundo preto e exame do úbere que pode ser feito pela observação da aparência e apalpação para detectar anormalidades. Se o teste da mamite for negativo, a vaca estará apta ao processo de secagem; se positivo, não se deve secar a vaca, mas tratar a mamite.
  • Atendidas as recomendações acima deve-se esgotar bem o úbere da vaca. Em seguida, colocar em cada quarto ou teta um antibiótico de longa duração, proprio para este período de secagem de vaca.
  • Transferir a vaca do local onde está acostumada à rotina da ordenha. Levá-la para um piquete ou pasto, afastado do curral ou do estábulo. Este pasto deve ter pouca disponibilidade de capim, de modo a não permitir que a vaca se alimente bem. Não fornecer concentrado de maneira nenhuma. Embora dispondo de pouco alimento, a vaca deve beber água à vontade.
  • Não ordenhar mais; mesmo se o úbere encher de leite, este fato não ocasionará nenhum mal ao animal, pois o organismo da vaca absorverá este leite. Entretanto, deve-se observar diariamente, para ver se o úbere da vaca está avermelhado ou dolorido, coisa muito rara de ocorrer. Na hipótese de o úbere estar inflamado, deverá ser tratado até que a mamite esteja curada e só então aplicar medicamento próprio para o período de secagem da vaca.
  • Decorridas dias semanas, a vaca não mais produzirá leite e a secagem estará completa, quando então poderá ter uma alimentação normal - volumoso e concentrado - condizente com o período pré-parto.
  • Aplicação do antibiótico.
  • Com este método e estes cuidados, tem sido possível secar vacas com produção superior a 20 litros.

Este processo é fácil e eficiente, e, por ser rápido, não acarreta nenhum problema para o feto.




Fonte: 
Instrução Técnica Para o Produtor de Leite - Método de Secagem de Vacas. Antônio Cândido de C. L. Ribeiro. Embrapa Gado de Leite. www.cnpgl.embrapa.br